O prazer deve ser a base para a mudança do estilo de vida, defendem especialistas da Série Científica Latino-Americana
BUENO AIRES, Argentina, 18 de setembro de 2014 /PRNewswire/ -- Para resolver o problema da obesidade é necessário envolver o prazer na equação do balanço energético – ingestão e gasto calórico – pois os esforços baseados na restrição e na regulação da alimentação não têm alcançado resultados significativos, concordam especialistas que participaram da Série Científica Latino-Americana, na última sexta-feira.
Segundo Monica Katz, da Universidade Favaloro da Argentina, "a obesidade é um distúrbio de aprendizagem que pode ser corrigido, porque as pessoas são capazes de aprender ou desaprender comportamentos que afetam sua saúde e bem-estar".
A especialista em obesidade afirmou que o prazer não é um "extra" em nossa vida, mas um componente central que orienta nossas decisões. Por isso, pode ser usado para incorporar hábitos saudáveis, uma vez que os esforços para reduzir o excesso de peso com base na restrição e regulação falharam.
Para Katz, a "demonização" de vários alimentos está limitando o desenvolvimento do pensamento crítico e o julgamento pessoal sobre o que é melhor para o indivíduo ter uma dieta saudável. A especialista afirmou que a maioria das estratégias para melhorar o estilo de vida da população foi baseada em informações ou abordagens punitivas e proibitivas. "Comer bem é um direito. Qualquer alimento pode fazer parte de uma dieta saudável quando consumido com moderação", disse.
De acordo com Katz, os estímulos prazerosos guiam a aprendizagem, já que o cérebro busca repetir naturalmente aquelas ações que geram sensações agradáveis e causam a liberação de dopamina no sangue. Assim, é possível usar esse sistema de recompensa para manter uma dieta equilibrada reencontrando o prazer da alimentação, em porções adequadas.
Paul Rozin, membro da Academia Americana de Artes e Ciências, concordou dizendo que não se deve sacrificar o sabor dos alimentos por seu teor calórico, mas encontrar a medida adequada das porções para poder desfrutar da comida, sem que isso resulte em ganho de peso.
Em sua palestra, Rozin explicou o "paradoxo francês", como é chamado o fato de a França ter 50% menos obesidade do que os Estados Unidos, embora os franceses comam mais gordura. Rozin citou um estudo que comparou as porções individuais dos produtos alimentares de supermercados franceses e americanos. A observação mostrou que a porção média de comida em Paris é de 277g contra 346g em uma cidade americana. Nos Estados Unidos, as porções médias por unidade são 25% maiores do que na França.
"A melhor maneira de resolver o desafio do excesso de peso é através de uma economia de mercado livre. Anos atrás, as empresas de alimentos responderam ao interesse público em alimentos com baixo teor de gordura e alimentos orgânicos. Agora, as empresas nos Estados Unidos estão produzindo porções menores. Essa solução é muito melhor do que a regulamentação", disse Rozin.
Contato: (21) 3206-6246
FONTE Série Científica Latino-Americana
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